(O C390, o avião de transporte que a Embraer poderia construir em Portugal in http://www.blogdorogerio.com.br)
A empresa aeronáutica brasileira Embraer (o terceiro maior fabricante aeronáutico do mundo) vai investir em Portugal uma quantia que rondará os 148 milhões de euros na construção de duas fábricas de material aeronáutico. O anúncio foi feito conjuntamente pelo primeiro-ministro José Sócrates e pelo presidente brasileiro Lula da Silva, o que reflecte muito bem a importância estratégica que tal investimento tem para os dois países luśofonos, não somente para estreitar as relações luso-brasileiras, mas também para solidificar a presença da fabricante brasileira de aeronoves num dos mercados mundiais mais importantes do mundo: a Europa.
Uma das novas unidades fabris será dedicada à construção de estruturas metálicas usinadas e a segunda fabricará materiais compósitos. As duas fábricas serão construídas em Évora.
A escolha da cidade de Évora resultou de um estudo que a identificou como um dos clusters industriais mais interessantes do Sul da Europa para os anos vindouros. Desde logo porque a Universidade de Évora é uma das mais prestigiadas do país, mas também porque a fábrica do bimotor Skylander deverá estar terminada ainda este Verão, finanlizando assim um investimento de mais de 125 milhões de euros. O aparelho já tem 185 encomendas garantidas e na sua construção poderá utilizar equipamentos fabricados nestas duas fábricas da Embraer, em vez de os ter de importar do exterior. Assim, nos 1100 aviões que a GECI espera fabricar nos próximos 15 anos poderão estar muitos componentes fabricados nestas unidades fabris… Uma vez que os primeiros Skylander serão entregues a partir de 2010 e as fábricas da Embraer estão em plena atividade ainda em 2009, a tese de que se irão juntar às já conhecidas empresas portuguesas do Porto e de Setúbal como suas fornecedoras ganha consistência, pesando contra contudo o factor de que o aparelho poderá ser um concorrente directo de alguns modelos fabricados pela construtora brasileira, razão pela qual mantemos esta ligação na área das especulações e possibilidades… Para já, Frederico Curado, o presidente da empresa brasileira admitiu apenas que estes materiais seriam usados apenas por aviões da Embraer e poderão indiciar que a empresa poderá instalar também em Portugal, aproveitando talvez as instalações das OGMA (que juntamente com a EADS têm 65% do capital desta empresa portuguesa) ou as antigas instalações que a desertora Opel-GM deixou na Azambuja, como relatava em Fevereiro uma notícia do Expresso:
“OGMA quer fabricar aviões na Opel da Azambuja
A OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal está a posicionar-se para comprar as antigas instalações da fábrica da Opel, na Azambuja, com o objectivo de assegurar a expansão da sua área de fabricação de aeronaves. A empresa, participada pela brasileira Embraer, equaciona construir naquelas instalações parte de um novo avião de transporte militar táctico.
As negociações para a aquisição da fábrica da Opel já passaram pela Câmara Municipal da Azambuja, cujo presidente, Joaquim Ramos, foi convocado esta semana para uma reunião na API (Agência Portuguesa de Investimento). “Ainda não há dados concretos sobre a matéria, mas as negociações estão a decorrer”, frisou o autarca. O mesmo responsável confirmou estar em contacto permanente com a administração da Opel sobre o processo de desmantelamento da fábrica, que terá de estar concluído até ao dia 30 de Março.”
Sobre esta notícia mais nada transpirou… Mas tendo em conta que a OGMA é facto controlada pela Embraer (que tem desde 2004 99% das acções e o controlo de gestão) e que é cada vez mais provável que o transporte militar C-390 da Embraer se venha mesmo a concretizar, com a existência de clientes europeus para este transporte militar médio (com a mesma capacidade do mal afamado C-130J) e até com a necessidade de a médio prazo substituir os C-130H da FAP, a hipótese de construção de uma fábrica da Embraer em Portugal ganha novamente nova possibilidade… São as notícias da compra da Opel da Azambuja, as duas fábricas de material aeronáutico, o projeto C-390… E sabendo que a Embraer não tem na Europa mais nenhumas instalações industriais (além das da OGMA) faz todo o sentido que reforce essa presença (e poupe no transporte dos bens manufacturados) se a este investimento se suceder um outro na construção de uma fábrica de aviões propriamente dita.
A fábrica de estruturas metálicas vai representar para a Embraer um investimento de 100 milhões de euros, e a de materiais compósitos (a dita “Meca” da aviação do Futuro) mais de 48 milhões de euros. As duas unidades vão empregar 570 trabalhadores e até 3500 indirectos e serão decisivos para – juntamente com a fábrica da Skylander – alavancar a criação de um pólo tecnológico aeronáutica nesta bela cidade alentejana.
Contudo, notícias recentes dão conta de algumas hesitações quando ao bom andamento deste investimento, replicando um tanto receios passados com o projeto Skylander… No mesmo dia em que José Sócrates e Lula da Silva anunciavam no Centro Cultural de Belém este investimento, a construtora fazia distribuir uma “nota de imprensa” onde admitia que as estimativas para o projeto em Portugal poderiam não se concretizar… Aparentemente, e apesar do que consta ainda hoje no próprio site oficial da construtora as verbas não estão ainda reservadas para este projetos e estes podem ser cancelados por
“circunstâncias ou eventos ainda não acontecidos” não tendo ficado claro se aqui se questionava a construção das duas fábricas ou se a escala do investimento (como parece mais provável).
Se estes receios não se concretizarem e se pelo menos o essencial do projeto permanecer inatacado parece-nos inevitável que seja dado o próximo passo, que é o da construção de uma terceira fábrica, esta já não de componentes, mas de aviões. O próprio presidente da Embraer o admitiu ao referir essa possibilidade, mas com as devidas reservas: “muitas outras condições precisarão de ser tidas em conta para uma decisão dessas como os custos de uma operação de montagem e as economias de escala”. A decisão de avançar para esta fábrica é de certa forma inevitável se as duas primeiras forem construída… Dado que a Embraer não tem mais fábricas na Europa e que além da hipótese de ser fornecedora da Skylander não é crível que os componentes sejam transportados para o Brasil dado os custos e o aumento dos mesmos nos últimos meses em virtude do aumento do preço dos combustíveis. Esta terceira fábrica poderia usar as instalações da antiga Opel da Azambuja ou um terreno em Évora, junto do destas duas fábricas que a empresa parece já ter reservado para si,
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